Ex-presidente da República e principal articulador do Partido dos Trabalhadores nas eleições municipais, Luiz Inácio Lula da Silva precisou parar suas atividades, nas últimas horas, para se submeter a um procedimento cirúrgico para retirada do cateter por onde recebeu medicação durante o tratamento contra um câncer na laringe. O procedimento foi iniciado por volta de 9h e terminou às 10h, segundo sua assessoria e transcorreu sem anomalias.
Embora fosse um procedimento considerado simples, os médicos mantiveram Lula internado no Hospital Sírio-Libanês, nesta quarta-feira, para realização de novos exames na laringe. A assessoria do ex-presidente divulgou que o estado de saúde dele é bom, mas ainda não há previsão de alta. Lula chegou ao hospital acompanhado da mulher, Marisa Letícia. Também por determinação médica, Lula não recebeu visitas pela manhã.
Lula manteve na agenda, segundo seus assessores, a reunião com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para oficializar o apoio do PSB ao petista Fernando Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo. A participação no encontro, porém, ainda não estava confirmada em função do quadro clínico do ex-presidente, o que condiciona também a participação dele em uma atividade da Rio+20, prevista para sábado, no Rio de Janeiro.
Em nota oficial divulgada na quarta-feira, a equipe médica do hospital informou que a internação estava pré-agendada e Lula segue acompanhado pelos médicos Roberto Kalil Filho, Paulo Hoff, Artur Katz e Luiz Paulo Kowalski. O ex-presidente passa por tratamento de um câncer na laringe desde outubro do ano passado, quando foi diagnosticada a doença. Desde então, fez exames periódicos e já passou por sessões de quimioterapia e radioterapia. Em março deste ano, exames apontaram que não havia mais tumor e o quadro de saúde de Lula era regular.
Problema resolvido
Na terça-feira, apenas 24 horas antes da internação, Lula se reuniu com o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), e com o senador Humberto Costa (PE), nome determinado pela Executiva Nacional do partido como candidato à prefeitura do Recife. Em uma hora e meia de conversa, Lula reafirmou seu apoio à decisão do Diretório Nacional da legenda e prometeu empenho na campanha de Humberto Costa.
– Ele disse que vai participar ativamente da campanha de TV e dos eventos de rua – disse Costa aos jornalistas.
Na capital de Pernambuco, o processo de escolha do candidato foi marcado por episódios constrastantes com o restante do país. O atual prefeito do Recife, João da Costa, não quis abrir mão da candidatura, enquanto o secretário estadual de Governo, Maurício Rands (PSB), cedeu em favor de Humberto Costa. A direção partidária, semanas antes da convenção, escolheu Costa alegando que o tumultuado processo não produziu unidade partidária. O atual prefeito entrou com recurso no Diretório Nacional do PT, pedindo revisão da decisão da Executiva.
– Não há risco de haver qualquer mudança na decisão – garante o senador, que alega não haver “fundamento para a ação do prefeito”.
Humberto Costa também afirmou que o ex-presidente se mostrou confiante de que o governador pernambucano Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, acabará apoiando também sua candidatura.
– O presidente Lula está empenhado na unidade da Frente Popular (bloco integrado pelo PT e PSB) – afirmou.
O senador disse também crer que o PSB lançará candidatura própria.
– Não acredito que isso vai acontecer. Vou colocar todos os meus esforços pela unidade desta aliança – disse.
Segundo o estatuto, a direção nacional não teria obrigação de convocar o diretório para avaliar a questão, neste momento, mas optou por antecipar a reunião para desarmar o prefeito, que tem usado o recurso como instrumento para fustigar a candidatura de Costa. No recurso, o prefeito alega que a intervenção nacional fere as normas partidárias já que a executiva teria poderes para interferir apenas na política de alianças e não na escolha dos candidatos. João da Costa venceu com 52% as prévias contra o secretário estadual de governo, Maurício Rands. A disputa foi anulada por suspeitas de irregularidades, Rands retirou a candidatura e o PT nacional impôs o nome do senador.
(CORREIO DO BRASIL)
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