terça-feira, fevereiro 10, 2015

GLOBO, SENSAÇÃO DO RN, INVESTIGADO POR USAR 'MINHA CASA, MINHA VIDA PARA ATRAIR ATLETAS

Ao redor do estádio Barrettão, em Ceará-Mirim, no interior do Rio Grande do Norte, um projeto imobiliário pôs o time sensação do estado na mira da Polícia Federal. Atual vice-campeão potiguar, o Globo Futebol Clube tem a sua ascensão meteórica ameaçada por investigação sobre o suposto uso indevido de casas financiadas através do programa ‘Minha Casa Minha Vida’, do Governo Federal, em contrato com atletas.
Os imóveis foram todos construídos pela empresa de seu presidente, Marconi Barretto, a MPB Empreendimentos.
A denúncia contra o cartola foi feita ainda no ano passado com base no acordo firmado com o atacante Ricardo Lopes, hoje no Jeju United, da Coreia do Sul, que previa em uma de suas cláusulas a doação de uma residência de 47 metros quadrados do ‘Minha Casa Minha Vida’ com parcelas pagas pelo próprio Globo.
Como parte do inquérito, foram convocados para esclarecer o assunto Marconi Barretto e representantes da Caixa Econômica Federal.
Nesta segunda-feira, o processo será encaminhado para o Ministério Público Federal.
Com um investimento de cerca de R$ 200 milhões no projeto que conduziu a ascensão meteórica do Globo entre a sua criação em 2012 até a atual temporada, o ‘mecenas’ do clube credita a suspeita a uma falha na redação do contrato de Ricardo Lopes.
“Foi um ‘errinho’ de nada. Não houve doação e, mesmo se houvesse, não haveria problema nenhum. No acordo dele, aconteceu de estar escrito que seria cedida a casa com o ‘Minha Casa Minha Vida’. No fundo, foi uma questão de semântica porque, na realidade, o que fizemos foi aumentar o seu salário e ele recebeu as chaves. Agora a casa pertence ao clube. Posso dar a quem quiser”, afirma Barretto ao ESPN.com.br.
Segundo ele, outros oito jogadores conseguiram moradia no projeto residencial através do programa do governo.
O caso vinha sendo acompanhado pelo delegado da Polícia Federal, Rodolpho Picone. Procurado pela reportagem, ele preferiu não se pronunciar.
O presidente do Globo, Marconi Barretto, assegura estar sendo alvo de “inveja” de pessoas que acreditam existir por trás de seus investimentos pretensões políticas em Ceará-Mirim e, por isso, tentam derrubá-lo.
“Esse assunto foi motivo de eu ter ido até a Polícia Federal cerca de 40 dias atrás. Não só por isso, mas por causa de outras dúvidas deles, como a piscina que construí para a APAE, um hospital que pintei, todos com recursos próprios. Está se criando uma história que não tem nada a ver. Uma empregada, uma prostituta, qualquer outra profissional pode comprar um imóvel através do ‘Minha Casa Minha Vida’. Existem dois tipos de financiamento: por meio da prefeitura ou aprovado por um agente financeiro que pode ser a Caixa e o Banco do Brasil”, explica Marconi.
“Não tem nenhum mistério ou mesmo sacanagem. Os atletas são profissionais como outros quaisquer, possuem carteira assinada e podem se habilitar a comprar as casas com parcelas de R$ 200 e pouco a quitar em 30 anos. Nos comprometemos a realizar o pagamento das prestações de alguns jogadores, mas, em um projeto de 6 mil residências, preferem pegar oito delas para criar uma celeuma em cima disso, isso no Brasil me deixa totalmente desnorteado”, conclui.
O ‘Minha Casa, Minha Vida’ é uma dos principais programas do governo do PT desde a era Lula, pois tem efeito multiplicador na economia, com impactos em toda a produção da construção civil. Segundo balanço do PAC 2, ele foi responsável por gerar 154,3 mil postos de trabalho desde 2011 – chegando a quase 2 milhões de empregos diretos até 2014.
Em dois anos, o Globo foi campeão da segunda divisão estadual em 2013 e vice da primeira divisão em 2014. O nome do clube homenageia a emissora carioca homônima.
Fonte: ESPN