O país que mais sofre com esse sintoma é os EUA, com ao menos de 40 milhões de adultos com distúrbios de ansiedade a partir dos 18 anos. Apenas um terço dos diagnosticados norte-americanos recebem tratamentos terapêuticos ou medicamentosos. Os dados são da Associação de Ansiedade e Depressão da América (ADAA, em inglês).
Vale esclarecer, segundo psicólogos e psicanalistas brasileiros ouvidos pelo Delas, que a ansiedade está presente em todos os seres – o que a torna preocupante é o seu grau de atuação.
“A ansiedade normal é aquela que nos possibilita chegar ao local dentro do horário e interagir com o ambiente. Quando começo a ter prejuízos, tenho a ansiedade exacerbada”, explica a terapeuta comportamental Letícia Guedes.
Com uma ansiedade aguda, os primeiros prejuízos, citados por Letícia, despertam inúmeras doenças físicas facilmente associadas a outras causas, como psoríase, gastrite, dores de cabeça e dificuldades de concentração e sono. Em condições graves, o quadro pode desenvolver casos de dependência química, síndrome do pânico e depressão.
De crianças a idosos
Engana-se também quem imagina que o “sofrimento por antecipação” atinja apenas executivos e moradores de grandes metrópoles, conhecidas peloas altos índices de violência e trânsito e pela sensação de insegurança. Hoje, o sintoma está presente em todos os grupos da sociedade – de crianças a idosos.
“Nos primeiros anos a criança pode apresentar diarreia, vômito e até estado febril por estar ansiosa”, diz Letícia.
Já em adultos, muitos sofrem de ansiedade aguda, como ataques de pânico, sem compreendê-lo como tal. Com durabilidade de no máximo cinco minutos e crises recorrentes, o ansioso reconhece o desconforto fisiológico, mas não o classifica como pânico e, por isso, não busca ajuda de um profissional.
“Só fiquei nervosa, não foi um ataque”, explica a terapeuta usando a frase repetida por mais de 95% dos pacientes no próprio consultório.
Ao alcançar novo estágio, as crises de ansiedade viram limitadoras e impõem barreiras no convívio social, chegando a provocar desistências em viagens e encontros sociais.
“Ansiedade traz muita angústia, dor e sofrimento. Os ansiosos sofrem por algo que não necessariamente tem relação com a realidade, como, por exemplo, deixar de viajar porque o avião pode cair ou não sair de carro pelo medo de ser assaltado”, conta a psicóloga e psicanalista Cleunice Menezes, especialista em transtornos de ansiedade.
Mas, o que desperta toda essa aceleração e preocupação? Para a psicóloga a resposta está no rumo do mundo capitalista, que provoca o sentimento de insatisfação e instiga o consumo de informação e bens materiais.
“Essa insatisfação é um vazio inerente ao ser humano. Ansiedade, depressão, compras, sexo e drogas são reflexos de intensa procura pelas coisas que o outro tem”, define Cleunice.
Veja abaixo dicas comportamentais para enfrentar uma crise de ansiedade:
1ª Organize o seu dia
Se você acorda com os sentimentos de preocupação por algo que ainda não aconteceu, melhor organizar o dia, mentalmente ou em uma lista de afazeres por ordem de prioridade.
“Não conseguimos fazer tudo na vida. É a hora de refletir o que eu quero, o que me faz bem e o que pretendo com aquela atividade”, explica Cleunice.
Respondendo essas perguntas, você consegue refletir o quanto as atividades são necessárias naquele momento. Tentar não criar expectativas significa evitar novas frustrações. Faça o teste e descubra: Você é organizada?
2ª Ficou mais nervosa? Reconheça a crise!
Alguns apostam em meditar, ouvir uma boa música ou apenas levantar e abandonar a situações de estresse por alguns minutos.
“Tudo o que você fizer para sair do burburinho irá ajudar. É preciso reconhecer a crise e aceitar que precisa de um tempo”, orienta a psicóloga. Ao reconhecer o estresse e a crise de ansiedade, será possível separar o presente das preocupações futuras.
3ª Respire, inspire, respire…
Pare por um momento e respire fundo. Especialistas em comportamento afirmam que respirar é “fonte de vida”. Inspirar profundamente ajuda a conectar com o corpo, os pensamentos interiores e o momento presente. Terapeutas comportamentais, por exemplo, apostam em diversos treinamentos com respiração para alcançar a calma e apreender a diminuir a crise ou até acabar com ela. Leia mais: 10 motivos para você respirar melhor
4ª Não resolveu? Procure ajuda especializada
Muitos têm dificuldades para realizar os exercícios em busca do autoconhecimento. Sessões de terapia podem ajudar no processo de autogestão e também a decifrar qual o gatilho que desencadeia a crise ansiedade.
“Quanto mais você conhece do sintoma, mais ferramentas tem para lidar com o problema”, conclui Cleunice.
Via - IG
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