O Rio
Grande do Norte terá, assim como a Paraíba, mais nove anos de estiagem. A
projeção é do professor Luiz Carlos Baldicero Molion, PHD em
Meteorologia e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas. Ele
afirma que os estudos sobre o comportamento das temperaturas nos
oceanos, relacionados com os levantamentos dos dados das séries
históricas de chuvas nos estados nordestinos, indicam que haverá um
longo período seca na região. "Será preciso medidas emergenciais nos
próximos anos. Mas é preciso ultrapassar o imediato. Não se pode mais
perder tempo e adiar as ações que criem condições para ao
desenvolvimento ao aproveitar as características", destaca.
O
professor alerta que os estados do Nordeste precisam estar preparados
para um longo período de poucas chuvas nos próximos anos. "Não gosto da
palavra seca, porque a região já tem essa característica quase de forma
permanente. Trata-se de mais um período com chuvas abaixo da média",
disse, à reportagem da TN.
Na
última quarta-feira, ele esteve em João Pessoa para participar do
lançamento da campanha "SOS Seca Paraíba". A iniciativa foi da
Assembleia Legislativa, durante solenidade no Hotel Tambaú. "Nos
próximos nove anos, vamos ter chuvas abaixo do normal, em relação ao
período entre 1977 e 1998″, diz o pesquisador. De acordo com Molion, a
seca de 2012 foi uma das mais severas dos últimos 60 anos. "E as
perspectivas não são melhores para os próximos anos", avisa. Segundo
ele, o epicentro da seca foi o Sertão, onde, nos meses de fevereiro,
março e abril do ano passado, choveu entre 300 mm e 400 mm a menos do
que no ano de 2011.
Segundo
ele, as secas constantes e severas no semiárido nordestino têm relações
diretas com fenômenos que ocorrem no Oceano Pacífico. Ele lembra que em
torno de 71% da superfície da terra é coberta pelos oceanos. Por isso, a
temperatura das águas oceânicas influenciam o comportamento das chuas.
"Quando as águas do Pacífico estão frias, as chuvas nos Estados
nordestinos são reduzidas. Quando as águas esquentam no Pacífico, as
chuvas aumentam por aqui", explica.
O
Oceano Pacífico controla os fenômenos El Niño e La Niña. Quando ocorre o
El Niño, há seca no Norte e Nordeste e chuva no Sul, Centro Oeste e
Sudeste. Quando ocorre o La Niña, chove no Norte e no Nordeste e faz
seca no Sul, Sudeste e Centro Oeste.
Estudos
citados por Molion apontam que, na Paraíba, entre 1947 e 1976, na fase
fria do Pacífico, choveu em média 650 mm por ano. No período de 1977 a
1998, as chuvas aumentaram para 760 mm. Foi o período quente no oceano.
Ele afirma que os números não são tão precisos com relação ao Rio Grande
do Norte, mas é possível constatar, com segurança, que o comportamento
pluviométrico no território potiguar é semelhante ao do paraibano, uma
vez que os dois estados estão na mesma região geofísica. Em dezembro de
2012, Molion fez previsões para o período de fevereiro, março e abril
deste ano de 2013 no interior da Paraíba e de outros Estados do
Nordeste. A conclusão é que o modelo climático mostra uma redução de 50
mm a 150 mm por ano. As chuvas estarão abaixo do normal em todo o
Nordeste. O ano de 2012 foi igual a 1951. Molion utilizou dados de 1952
para planejar a previsão para 2013. A tendência é de chuvas abaixo do
normal. "A situação permanecerá. Não vejo boas perspectivas para 2013″,
diz.
Mas ele
admite a possibilidade de um quadro menos desolador, na hipótese de
haver trovoadas a partir de 20 de janeiro. "Mas entre abril e maio, as
chuvas certamente serão reduzidas", alerta Molion. "Hoje, estamos
retornando ao período de 1947-1976, quando as águas do Pacífico
esfriaram", disse Molion. Por isso, a possibilidade de mais nove anos de
estiagem.
Via arquivovip.com
Via arquivovip.com
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