terça-feira, outubro 20, 2015

CANIBALISMO: MORTO A FACADAS, PRESO É CORTADO EM 59 PEDAÇOS E TEM FÍGADO COMIDO

No ano de 2013, a barbárie tomou conta do Complexo de Pedrinhas, principal rede de presídios do Estado do Maranhão. Quase que semanalmente, notícias sobre guerras entre facções rivais e dissidentes traziam em letras garrafais nas manchetes que vítimas haviam sido torturadas e decapitadas. No espaço de 12 meses, 65 presos foram mortos no local.
Mas, quase dois anos depois, o testemunho de uma pessoa que presenciou uma dessas execuções, ocorrida no Presídio São Luís 2, tem deixado promotores e investigadores chocados com a barbaridade desses assassinos, apesar do histórico violento do complexo.
De acordo com o depoimento da testemunha, o preso Edson Carlos Mesquita da Silva, de 34 anos, foi torturado por quatro pessoas em plena cela, esfaqueado várias vezes e teve o corpo cortado em 59 pedaços para impedir que fosse encontrado pelos carcereiros. E não parou por aí: uma vez morta, a vítima teve seu fígado arrancado, salgado, grelhado e comido pelos assassinos, que ainda o distribuíram aos colegas de espaço.
“Não tem muito o que dizer. É simplesmente muito cruel. Tenho 18 anos como promotor de Justiça e nunca vi nada parecido”, diz o promotor Gilberto Câmara Júnior, da 12ª Promotoria de Justiça de Substituição Plena do Maranhão, que assumiu o caso pelo Ministério Público e pediu a abertura de uma ação penal contra os acusados pelo crime. “O esquartejamento do corpo, infelizmente, não é tão difícil de ver. Mas a ingestão de partes é a primeira vez. Esses indivíduos não podem viver em sociedade.”
São seis os supostos culpados pelo assassinato, de acordo com a investigação policial que culminou no inquérito da promotoria enviado à Justiça – que deve confirmar ainda nesta semana se acatará a ação penal contra eles. Todos seriam integrantes da facção criminal Anjos da Morte, dissidência do grupo Primeiro Comando do Maranhão (PCM).
Toni Lopes da Silva, ou “Roni Boy”,  e Enilson Vando Mattos Pereira, também conhecido como Matias ou Sapato, que não estavam na cela, são apontados como mentores do crime. Já a ação teria sido praticada por quatro pessoas, três deles já identificados e uma quarta cujo nome ainda não foi descoberto: Giovani Souza Palhano (Bacabau), Samiro Rocha de souza (Satanás ou Taurus) e Joelson da Silva Moreira (o Índio).
A ideia do Ministério Público é que a Justiça condene por pena máxima os envolvidos e, com o processo, consiga identificar o quarto assassino, por ora chamado apenas de “indivíduo x”. Teria sido devido a um desentendimento com ele que Edson foi morto.
Assim, a princípio, quatro dos envolvidos devem se tornar réus no caso, caso a Justiça aceite a ação penal. O MP já pediu a prisão preventiva deles. Além do assassino ainda não-identificado, mais um dos envolvidos, o Índio, não será processado, já que foi morto em uma outra desavença, também ocorrida dentro de um presídio maranhense, no ano passado.
Julgado pelo crime
Identificar Edson não foi simples. De acordo com a investigação, durante o período caótico em que retornou ao presídio em 2013, por contravenção não divulgada, ele se identificou às autoridades com um nome falso – o que o MP descreve como consequência da crise pela qual passava Pedrinhas.
Além disso, julgado e morto pela facção criminosa, Edson ainda teve o corpo dividido em 59 pedaços, todos espalhados por lixeiras do complexo prisional, dificultando ainda mais a investigação. Para se ter ideia, o crânio da vítima só foi encontrado dias depois do crime, ainda com a arcada dentária – que deu luz aos investigadores.
Mas foi especificamente uma tatuagem que Edson tinha no corpo, na qual se lia “Vitória, razão do meu viver”, em homenagem à filha da vítima, que levou a perícia a identificá-lo, por meio da ajuda de um familiar do morto.
Mesmo a tatuagem, no entanto, não foi simples de ser achada. O próprio laudo da perícia afirma que o desenho estava separado em três partes, devido ao esquartejamento do corpo, e teve de ser juntado para que os parentes o reconhecessem.
A interpretação do que aconteceu veio graças ao depoimento da testemunha-chave com os dados do Instituto Médico Legal, que se complementam. Além de a investigação ter encontrado os pedaços do corpo, algumas partes foram achadas carbonizadas.
“O único problema neste momento é que não sabemos se esses assassinos ainda estão presos, afinal é um crime de 2013. De lá para cá, a movimentação foi muito grande em Pedrinhas, até pela política do governo de separar membros de facção depois daquela série de mortes”, afirma o promotor. “Só vamos realmente saber onde eles estão hoje se a Justiça acatar a ação. E acredito que, com as provas que possuímos, isso irá acontecer.”
Fonte: IG