Já dizia o ditado popular: depois da tempestade, vem a bonança. No entanto, para os moradores de algumas ruas do bairro de Lagoa Nova, a manhã deste sábado (7) foi para contabilizar as perdas após as fortes chuvas que caíram em Natal durante a madrugada e manhã de sexta-feira (6), quando choveu quase a metade do previsto para todo o mês de março. A reportagem d’O Jornal de Hoje esteve hoje na Rua Lucrécia e Carnaúba dos Dantas, entre a Rua São José e Avenida Jaguarari e encontrou vários moradores limpando suas casas e lamentando as perdas. A água superou a marca de um metro, e em algumas casas, a água entrou pela janela.
Na casa do técnico de informática, Louis Karlos, localizada na Rua Lucrecia, os danos foram incalculáveis. No momento mais crítico, os moradores foram obrigados a abandonar a residência, pois temiam pelas próprias vidas. “Essa foi a pior inundação que passamos aqui. Estamos aqui há mais de 20 anos e nunca vimos uma situação tão difícil como esta. Saímos de casa, porque a água já estava atingindo um nível que colocava em risco a nossa segurança, pois se chovesse mais poderíamos ser afogados, ou poderíamos morrer com uma descarga elétrica”, relata o morador.
“As obras de drenagem que fizeram aqui só pioraram a situação. Essas obras não resolvem o problema, por causa da corrupção, pois eles ganharam o dinheiro e não fizeram nada. Ontem foi um inferno total, não desejo a ninguém o que passamos ontem. Não esperávamos que isso acontecesse, já que as obras foram para minimizar esses danos. A nossa confiabilidade agora com esse local é zero, não saímos daqui porque não temos para onde ir”, destaca.
Dentro de casa, Louis Karlos conta que perdeu quase todos os móveis. Os eletrodomésticos, como geladeira e máquina de lavar roupas, que ficaram boiando, ainda estão desligados, mas ele teme que estejam queimados. A marca na parede indica que o nível d’água ultrapassa a marca de um metro. “Pagamos um IPTU caríssimo e o que ganhamos é isso”, lamenta o técnico de informática.
Na Rua Carnaúba dos Dantas a situação não foi diferente. A residência de dona Ângela Maria da Silva tem inúmeras barreiras de proteção para impedir a entrada da água das chuvas. Mas, com a chuva de ontem, nem essas barreiras foram suficiente para impedir a força das águas, que entrou janelas a dentro da casa. “Só pensávamos que íamos morrer”, relata Ângela Maria, que mora com o esposo e a mãe de 84 anos.
Dentro de casa, a água da chuva, acompanhada de todo o lixo da rua, trouxe inúmeros prejuízos por todos os cômodos. Assim que começou a chover, ela ainda conseguiu suspender alguns móveis, mas não foi suficiente para impedir que a água também atingisse eles. Os armários de cozinha e os guarda-roupas foram todos destruídos. As roupas todas molhadas. O piso está quebrado e as paredes todas rachadas.
“Quando começa a chover, ninguém dorme. É um desespero só. E aqui ficamos num desespero durante a chuva e depois dela continuamos o desespero diante dos prejuízos. Isso é um absurdo, mas infelizmente a cada chuva a situação tem se repetido e causado cada vez mais transtornos”, lamenta Ângela Maria da Silva.
Previsão é de mais chuvas
Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Meteorologia do Rio Grande do Norte (Emparn), a chuva que caiu em Natal nesta última sexta-feira teve média de 66 mm e a tendência é que o tempo chuvoso permaneça até a próxima semana.
JH
