terça-feira, outubro 23, 2012

NÃO PODE SER UM NEUTRO EM UM TREM EM MOVIMENTO


Vamos pegar aqui o gancho do título da autobiografia de Howard Zinn, “Você não pode ser neutro num trem em movimento“, para analisar o segundo turno das eleições em Natal, para o qual se apresentam como candidatos Carlos Eduardo (PDT) e Hermano Morais (PMDB).
Num primeiro momento, é muito natural, depois de uma campanha construída de baixo pra cima, com o pé no chão, de baixo custo, tendo o tempo todo contra si as pesquisas de intenção de voto, um sentimento de frustração por ter deixado de estar no segundo turno por uma diferença inferior a dois mil votos (num universo de 430 mil).

Não vamos ficar em cima do muro no 2º turno em Natal. Nosso voto será 12.
Mas manter-se neutro numa disputa de segundo turno resulta em assumir também uma grande responsabilidade sobre o destino da cidade nos próximos quatro anos. Natal está numa situação de terra arrasada. E sua recuperação não pode ser feita num passe de mágica por algum indivíduo. Será necessário um esforço coletivo muito grande. Nesse contexto é que o PT decidiu apoiar no segundo turno o candidato do PDT, Carlos Eduardo, e nós concordamos com esse apoio.
Quando declaramos nosso voto no primeiro turno em Fernando Mineiro, fizemos um balanço das qualidades e defeitos de cada candidatura. Carlos Eduardo, pelo lado negativo, é criticado pela gestão na saúde e pelo rol de alianças que compos para sustentar sua campanha, principalmente a união com o PSB da ex-prefeita e governadora Vilma de Faria, sua vice. Mas é bom lembrar também que o PSB não é uno e também tem nos seus quadros a competente Júlia Arruda, vereadora reeleita.
A administração de Carlos Eduardo como prefeito teve também seus bons momentos. Se o corredor de ônibus da Av. Bernardo Vieira, reforma viária que lhe rendeu um bombardeio de críticas da imprensa local, peca é por não ser mais extenso. Sua tradicional dificuldade em manter maioria na Câmara Municipal de Natal mostra o empenho em tentar preservar um espaço do serviço público municipal, sempre muito mal-tratado, a salvo do clientelismo mais rasteiro.
Se há algum erro na tomada de posição do PT, na nossa avaliação, é no momento em que afirma categoricamente “que não irá participará da futura administração municipal, em caso de vitória do candidato do PDT”, compromisso este que deve ter sido necessário para obtenção de uma declaração consensual em relação ao voto do segundo turno. Porque, como já dissemos, os próximos quatro anos serão muito importantes para a recuperação de Natal, cidade onde vivemos e estão nossas famílias e amig@s. Tanto mal-trato à máquina pública municipal e seus servidores fizeram com que a Prefeitura seja carente de quadros, uma das razões pelas quais quase meio-bilhão de reais em projetos com verba reservada no orçamento da união para Natal não tenham sido aplicados nos últimos anos. Será que, nesse contexto, assumir, desde já, uma atitude neutra de observador é o melhor caminho? Inclusive porque, até onde se sabe, o trabalho feito pelas pessoas ligadas ao PT na última administração de Carlos Eduardo teve bons resultados para a cidade e gozou de autonomia e respeito para ser desenvolvido. Não seria tampouco correto assumir a posição de adesão em troca de cargo A ou B. O desenrolar dos fatos é que mostrará se o compromisso com um conjunto de ideias progressistas se manterá para um futuro mandato.
Enfim, do outro lado estão o atual vice-prefeito, praticamente todo o PV de Micarla e até forasteiros adeptos da homofobia mais rasteira. Não, não dá pra ser neutro nessas circunstâncias.

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